Sessão de apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para 2023 ficou marcada por declarações de Flávio Massano. O autarca de Manteigas fez questão de lembrar que muitos problemas ainda persistem. E queixou-se de falta de apoios para os estragos provocados pelas enxurradas do inverno passado, enquanto Lisboa recebeu 90 milhões.
O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para 2023 é o “maior de sempre”, frisou o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, esta segunda-feira, durante a sessão de apresentação em Manteigas.
O DECIR conta com mais 974 operacionais, um aumento de 7,5% face ao ano passado. Ao nível dos meios aéreos, vão estar no terreno mais dois helicópteros e quatro aeronaves. E a Força Aérea Portuguesa irá também ceder dois helicópteros que serão utilizados em missões de coordenação dos ataques às chamas.
Trata-se de “um acréscimo mais qualitativo, do que quantitativo”, nas palavras de Duarte da Costa, presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
Manteigas, município plantado na Serra da Estrela, foi um dos mais afetados pelo mar de chamas que, em agosto do ano passado, varreu o parque natural e várias localidades.
A sessão ficou marcada pelas declarações de Flávio Massano, autarca de Manteigas, que fez questão de lembrar o porquê da presença dos governantes. E também dos problemas que ainda persistem. Por exemplo: a estrada nacional 338 está encerrada desde dezembro do ano passado.
“Estamos reunidos neste auditório porque mais de 50% do território do concelho foi consumido pelas chamas do grande incêndio de 2022. Como podemos ter orgulho? Ninguém pode ficar satisfeito depois de um acontecimento desta natureza, com a intensidade e severidade com que sentimos no verão passado, mas também com as consequências sentidas durante o outono e inverno [com enxurradas e deslizamento de terras]”, afirmou.
Autarca queixa-se de falta de apoios
Flávio Massano queixou-se também da falta de apoios do Governo aos estragos provocados pelas enxurradas do inverno passado – algo que não aconteceu com as cheias de Lisboa, sublinhou.
“Como posso eu explicar aos meus conterrâneos que, afinal, foi da ação de um helicóptero que resultaram milhares e milhares de hectares ardidos, como indica o relatório independente deste incêndio? Como posso eu explicar aos meus eleitores que, na sequência das enxurradas de setembro e outubro, não obtivemos qualquer apoio do governo, mas que as mesmas cheias, em Lisboa e outros sítios, tiveram a sorte de receber o apoio de 90 milhões?”, atirou.
O autarca de Manteigas foi ainda mais longe e afirmou que o município “não está pronto” para o verão que se avizinha, apesar de todas as mudanças implementadas nos últimos meses.
Questionado pelos jornalistas já depois da sessão, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, disse que Flávio Massano foi realista.
“O senhor presidente da câmara falou com realismo. Nós podemos ver na Europa toda, até em países com mais recursos que nós, como a Alemanha, que face aos riscos com que estamos confrontados todos os meios são limitados, são escassos para a complexidade que temos de enfrentar. Esta é a razão pela qual nós entendemos que o valor da cooperação é mesmo essencial entre todas as forças, serviços e entidades”, disse.
Durante a apresentação do DECIR, o ministro recordou que um dos problemas identificados nos incêndios do ano passado foi a discussão entre autarcas por meios de combate às chamas.
“Uma das principais necessidades identificadas pelos autarcas naqueles momentos difíceis tinha que ver com o facto de cada município reivindicar para o seu território mais meios operacionais, mais meios humanos, mais meios aéreos. Sabemos que os meios são sempre limitados, por isso é necessário dar-lhes maior eficiência”, disse José Luís Carneiro.
Fonte: Rádio Renascença
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