A autarquia também tenciona iniciar uma candidatura à UNESCO para Manteigas ser considerada “uma cidade mundial da aprendizagem”.
A Câmara Municipal de Manteigas, no distrito da Guarda, tem para este ano o orçamento “maior de sempre”, no valor aproximado de 11 milhões de euros, documento que apresenta projetos novos e que é considerado “ambicioso” pelo presidente do município.
“O valor do orçamento, este ano, é o maior de sempre. Estamos a falar de cerca de 11 milhões de euros. Passamos de um orçamento de 6/7 milhões para um orçamento de 11 milhões. E muito se deve também às vicissitudes que aconteceram na serra da Estrela, àquilo que nós temos para reconstruir [devido ao incêndio do verão] e também com algum financiamento que recebemos do Estado”, disse hoje, dia 11 de janeiro, à agência Lusa o presidente da autarquia de Manteigas, Flávio Massano.
O autarca independente (Movimento Manteigas 2030) considerou que o orçamento é “ambicioso” e “difícil” para uma autarquia cujo quadro de pessoal “começa a ser pequeno para tanta competência, para tanta transferência de competência e delegação de competências do Estado nos municípios”.
“É um orçamento que tem muitos projetos novos, tem estudos de muitos projetos novos, e que vão, na nossa ótica, transformar o território de Manteigas. No fundo, é um orçamento que tem projetos ambiciosos, alguns deles ainda na sua fase inicial”, acrescentou.
Flávio Massano referiu, como exemplo, a conceção do estudo e do projeto para a Praça Central da Vila e Rua 1.º de Maio, um projeto transformador da mobilidade pedonal e rodoviária na vila de Manteigas, que representa um investimento “que pode ir de 1,5 a 2 milhões de euros”.
No orçamento deste ano, o município de Manteigas também inclui o projeto de construção de um Observatório das Alterações Climáticas, nas Penhas Douradas, a 1.500 metros de altitude, considerado “a grande ideia dos próximos 10 anos”.
No âmbito do plano de revitalização da serra da Estrela, Flávio Massano considerou que o país “tem que ter um instrumento de estudo das alterações climáticas e nada melhor do que ter esse instrumento nacional nas Penhas Douradas”, onde existe um Observatório que é um dos mais antigos do país e o único com esta altitude no continente.
“Temos ali todas as condições para podermos tirar métricas de todos os dados que foram levantados nos últimos 100 anos e podermos perspetivar e analisar o futuro, preparando o país para fenómenos de incêndios e cheias. Temos de estudar as alterações climáticas e acho que seria um projeto mobilizador para a região”, vincou.
Este ano, a autarquia também tenciona iniciar uma candidatura à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para Manteigas ser considerada “uma cidade mundial da aprendizagem, envolvendo um processo contínuo de aprendizagem, desde a escola até à terceira idade”.
Segundo o responsável, a ideia é pegar “em realidades ancestrais como fazer o queijo, a transumância, a lã e o burel”, entre outros aspetos.
Este ano, a autarquia de Manteigas também destina verbas do orçamento para a recuperação de algumas vias de comunicação que foram destruídas pelo incêndio do verão e que dão acesso “aos pontos mais bonitos da serra da Estrela”, bem como para concretizar o projeto de criação da praia fluvial da Várzea.
“Entre outras coisas, [no orçamento municipal] temos uma política social forte e uma ajuda às famílias mais carenciadas naquilo que é a recuperação do seu património e das suas casas”, rematou Flávio Massano.
O orçamento da autarquia de Manteigas para 2023 foi aprovado por maioria pelo executivo e pela Assembleia Municipal.
Fonte: Beira.pt
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