Vítor Baía aprendeu a prever o tempo sozinho e hoje trabalha com os maiores alpinistas do Mundo.
Vítor Baía é instrutor de parapente, praticante de
montanhismo e meteorologista amador sempre que é preciso, o que no seu
caso é quase todos os dias. Nunca andou na faculdade, mas isso não o
impede de ser o meteorologista autodidata mais requisitado de sempre:
faz previsões para alguns reputados alpinistas mundiais, entre eles o
português João Garcia.
Na sua casa, na Guarda,
sítio onde nasceu, cresceu e sempre viveu "por opção", há uma estação
meteorológica e muitos livros ligados a esta prática, a maioria dos
quais iguais aos que os estudantes usam nos bancos da faculdade.
A
meteorologia sempre foi um hobby necessário para as atividades
desportivas e ao ar livre a que se dedicou desde a juventude, mas Vítor
foi aprofundando cada vez mais "a teoria e os métodos", tornando a
meteorologia numa das suas principais atividades. E fá-lo com muito
mérito: é nele que os profissionais confiam. Entre os seus clientes
contam-se nomes mundialmente famosos no mundo do alpinismo, aqueles que
se entregam à conquista dos Himalaias, como Mario Panzeri, Ivan Vallejo
ou Edurne Pasaban, a primeira mulher do mundo a escalar todas as 14
montanhas com mais de oito mil metros.
"Hoje em
dia, graças à internet e às comunicações móveis, é fácil fazer previsões
à distância, para qualquer lado do Mundo, mesmo que seja para os
Himalaias. Primeiro é preciso saber as coordenadas do local onde estão
os alpinistas. É importante saber de que lado da montanha estão, por
exemplo", esmiúça sobre o seu métier. Atualmente, fornece estimativas
para alpinistas espanhóis, da América do Sul, Roménia e Eslováquia.
Depois,
com as cartas meteorológicas do local (a instituição americana NOAA -
National Oceanic and Atmospheric Administration fornece-as para todo o
Mundo via internet), elabora as previsões e envia-as por sms ou e-mail.
"O
tempo é um fator decisivo para eles saberem, por exemplo, quando devem
atacar o cume. O intervalo de bom tempo é geralmente muito curto e eles
têm de saber com antecedência, até porque têm de preparar a logística
necessária para o arranque", avisa. Para já, a percentagem de subidas ao
cume bem sucedidas com as previsões meteorológicas de Vítor Baía
"ultrapassa os 80 por cento".
Vítor começou a
praticar montanhismo ainda nos anos 80, tendo sido um dos fundadores do
Clube de Montanhismo da Guarda. Foi, aliás, num dos acampamentos
organizados pelo clube que conheceu João Garcia, o alpinista português
que se tornou o décimo alpinista do Mundo a ascender às 14 montanhas com
mais de 8000 metros existentes no Planeta, todas sem recurso a oxigénio
artificial e sem carregadores de altitude.
Mais
tarde, começou a fornecer as previsões a João Garcia em 2000, parceria
que se prolongou até 2010, quando este alcançou o cume do Annapurna e
completou o seu objetivo. "Gosto de trabalhar com os alpinistas, porque
sendo eu adepto da modalidade permite-me partilhar com eles o desafio
das suas conquistas", justifica.
Rotina diária
Vítor
faz previsões todos os dias, com recurso a cartas meteorológicas,
imagens de satélites que obtém através da internet e tefigramas
(diagramas termodinâmicos) do instituto oceânico e atmosférico norte-
-americano, que fornece aos alpinistas e aos praticantes de parapente.
-americano, que fornece aos alpinistas e aos praticantes de parapente.
"Aprendi
a interpretar os dados das cartas, que são o mais importante. A estação
meteorológica que tenho em casa serve sobretudo para ir confirmando
depois as previsões que fiz. Como praticante de parapente, precisava
desta informação quase diariamente para poder levantar voo e, por isso,
comecei a elaborar eu próprio as previsões", explica.
Antes,
Vítor era vendedor de seguros. "Mas era um vendedor de seguros infeliz.
Andava de pasta na mão e olhos no céu, sempre a vê-lo bonito para
voar", afirma, agora que deixou os seguros para outros. "Fiquei mais
pobre, mas sou muito mais feliz. Nada se compara à possibilidade de
podermos fazer na vida aquilo de que gostamos", admite.
O
seu quotidiano é agora dividido entre o parapente, modalidade que
começou a praticar nos anos 90, depois do montanhismo (e da qual é
instrutor) e a meteorologia. Todos os dias podem ser um "bom dia para
voar, dependendo do tempo".
As suas estimativas
são usadas pelos Bombeiros de Portugal (bombeiros.pt) e gere ainda o
site clubevertical.org, onde apresenta diariamente as previsões do tempo
para a serra da Estrela. "As pessoas gostam sempre de saber se há neve
na serra ou não, antes de virem para cá passear. Por isso, foi a forma
que encontrei de pôr este serviço ao serviço de toda a gente." A
meteorologia, ou seja o estudo e a elaboração das previsões, ocupa-lhe
"cerca de três horas diárias" que, faça chuva ou sol, são de puro
prazer.
Acompanhe as previsões do Meteorologista Vitor Baia atravez dos seguintes Links:
Facebook - Meteorologia Serra Estrela - Vitor Baia
Clube Vertical de Parapente - Serra da Estrela
Bombeiros.pt
Fonte Texto: Jornal Correio da Manhã
Fonte Video: O Interior
Acompanhe as previsões do Meteorologista Vitor Baia atravez dos seguintes Links:
Facebook - Meteorologia Serra Estrela - Vitor Baia
Clube Vertical de Parapente - Serra da Estrela
Bombeiros.pt
Fonte Texto: Jornal Correio da Manhã
Fonte Video: O Interior
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