O aumento de javalis que actualmente se verifica na Serra da Estrela
está a preocupar os agricultores locais, que temem a destruição das suas
culturas.
Por isso, no dia 10 de Novembro será realizada uma caçada a
este animal, promovida pelo Instituto de Conservação da Natureza e
Florestas (ICNF) em conjunto com o clube de caça de Manteigas, que gere a
caça na região.
«Os javalis destroem-nos as culturas todas»,
queixa-se João Direito, produtor de centeio em Campo Romão, no concelho
de Manteigas. Os prejuízos causados pelos ataques destes ‘porcos
selvagens’ «são enormes», lamenta o agricultor, acrescentando que todas
as noites a sua seara é atacada. «E não é a única; todos os campos
contíguos são devastados», esclarece, adiantando que recentemente voltou
a pedir ao clube de caça de Manteigas autorização especial para abater
javalis. «Todos os anos recebemos vários pedidos para organizar
caçadas», confirma Daniel Saraiva, responsável da associação.
O
aumento do número de javalis deve-se ao facto de estar extinto na região
o único predador natural destes animais: o lobo ibérico. Assim, as
caçadas aos ‘porcos selvagens’ são a única forma de dominar o seu
apetite voraz.
«A caça tornou-se a única forma de controlar as
populações», admite o responsável do Parque da Serra da Estrela ao SOL,
Fernando Queirós, explicando que «o ICNF não tem meios próprios» para
realizar caçadas, tendo, por isso, de se agir em cooperação com as
associações de caçadores locais. «Conseguimos fazer três a quatro
montarias por ano», conclui Fernando Queirós.
Espécies ameaçadas
Um
dos motivos que levam o ICNF a pedir aos caçadores para abater javalis é
o facto de não só destruírem culturas agrícolas, como também «ameaçarem
espécies protegidas de animais e plantas», diz fonte do organismo.
Segundo
o responsável do Parque Natural, todas as caçadas obedecem a regras
específicas. «Quando acontecem em zonas protegidas, tem de se respeitar o
período de nidificação das aves da serra», sublinha, explicando que
nestes casos se opta por abater os animais à noite, altura em que há
«menor perturbação da fauna selvagem».
Apesar dos prejuízos
provocados pelos porcos selvagens, não há estudos sobre o número de
animais existentes. «O controlo das populações tem de ser um trabalho
permanente», avisa o director-adjunto do Parque da Serra da Estrela.
Fonte: Jornal Sol
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