Manteigas, 16 jul (Lusa) - A associação ambientalista Quercus
denunciou hoje que a pressão turística e a implementação de
infraestruturas "põem em causa" os valores naturais do Parque Natural da
Serra da Estrela (PNSE), que comemora 38 anos.
Em comunicado, a associação faz uma retrospetiva do que foi feito de
positivo e negativo nesta área protegida e traça cenários com base na
definição de ameaças e na identificação de oportunidades.
A Quercus alerta que, ao longo dos anos, o PNSE tem vindo a ser
afetado "por vários fatores que degradam os ecossistemas e colocam em
causa os objetivos propostos aquando da sua criação, sendo disso exemplo
os impactes provocados pelas atividades humanas".
Destaca "o aumento da pressão turística e urbanística" nas Penhas da
Saúde e em Videmonte e "a implementação de infraestruturas, como parques
de campismo, redes viárias para acesso e estacionamento na Torre".
Equipamentos turísticos na Torre, Lagoa Comprida e Penhas
Douradas/Vale do Rossim, a instalação de parques eólicos e de linhas de
transporte de energia e a extração de inertes, são outras das ameaças
detetadas.
Na nota enviada hoje à agência Lusa é referido que a área do PNSE
também tem vindo a sofrer "alterações significativas" nos setores da
agricultura e da silvicultura, "com o abandono das práticas tradicionais
e a intensificação e industrialização".
Este cenário, segundo a Quercus, aliado a uma elevada frequência de
incêndios, "tem implicado a destruição de alguns dos últimos redutos da
floresta autóctone".
O parque é ainda afetado "por vários fatores de ameaça", como a
captura ilegal de espécies da fauna e flora, a plantação de espécies
exóticas e a sobre-exposição de aquíferos.
Aquela entidade aponta igualmente "o excesso de concentração de
visitantes em zonas sensíveis, a prática ilegal de desportos de natureza
todo-o-terreno, o montanhismo e esqui, e pressões para abertura da via
intermunicipal Videmonte-Lagoa Comprida, do túnel de atravessamento da
serra e para a construção de uma nova barragem para abastecimento
público", no concelho da Covilhã, "sem uma justificação plausível".
No comunicado, reitera a necessidade da aplicação de medidas de
gestão "que permitam articular o turismo, o ordenamento do território e o
desenvolvimento local das populações com a manutenção e o restauro dos
ecossistemas naturais".
Entre as medidas propostas estão a alteração da política de
ordenamento florestal, a gestão sustentada da atividade cinegética e a
criação de programas de incentivos e de apoio às práticas agrícolas
tradicionais.
"É importante, também, adotar uma estratégia que contrarie o
recorrente ciclo de incêndios, com a recuperação da floresta autóctone",
aponta.
A Quercus exige ainda o alargamento da área do PNSE com a inclusão do
Souto de Famalicão, uma referência "de interesse para a botânica".
O PNSE abrange a totalidade do concelho de Manteigas e parte dos
municípios de Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda e Seia.
Fonte: Porto Canal
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